Muito tem se falado sobre as LLMs (Large Language Models), encabeçado especialmente pela popularização do ChatGPT, chatbot com uso de inteligência artificial (IA) da Open AI, que em apenas 5 dias após o lançamento alcançou o número recorde de 1 milhão de usuários. Embora a utilização de IA seja tendência e executivos de empresas enxerguem seus benefícios, para muitos ainda não está claro como ela pode ser uma ferramenta de apoio dentro do mundo corporativo sem acabar com as oportunidades de emprego.
A Pesquisa Indústria 2027, encomendada pela CNI, revelou que quase 60% das empresas consideram alta ou muito alta a probabilidade da utilização de processos automatizados com apoio de inteligência artificial até 2027. Ainda de acordo com o levantamento, o mercado de inovações para inteligência artificial movimentará, até 2025, US$ 60 bilhões ao ano no mundo.
Ao mesmo tempo, muitas pessoas defendem que essas tecnologias, são uma ameaça aos profissionais. Uma pesquisa da Statista feita em 2021, já demonstrava que, na média, 41% dos trabalhadores de diversos países como Portugal, França, USA e Inglaterra tinham alguma preocupação em seu trabalho ser substituído por uma IA. Se esse número já era alto em 2021, imaginemos em 2023, após o surgimento de novas ferramentas como ChatGPT. Essa é uma preocupação legítima para algumas profissões, porém devemos observar que a mudança é inevitável pois os ganhos gerados pela tecnologia são substanciais e, de acordo com os dados do Monitor de Empregos e Salários da Brasscom, o ano de 2022 fechou com mais de 2 milhões de pessoas contratadas no Macrossetor de TIC (TIC, TI in house e Telecom).
Evolução da IA
Antes de avançarmos sobre o tema de incorporação da IA dentro de empresas, é importante relembrar a evolução desta tecnologia. Entre 1950 a 1990, tivemos um momento de concepção inicial, popularização e desilusão, etapas comuns em tecnologias emergentes (Gartner Hype Cycle). Nesse período o processamento dos computadores ainda era baixo e pouco ainda se sabia como aplicar a tecnologia na prática.
Após 1990, houve um período de aumento da maturidade da tecnologia, onde grandes corporações começaram a aplicá-la em situações que envolvessem análises com grande volume de dados, auxílio ou substituição de processos repetitivos, reconhecimento de padrões e busca por tomada de decisões mais rápidas. Já o momento atual da tecnologia é marcado pelo entendimento de contexto e a possibilidade de criação de resultados mais sofisticados que não apenas automatizam processos e/ou decisões, mas também possibilitam o seu uso para criação ou cocriação de outros algoritmos, textos, artes e, o principal, facilita o acesso à tecnologia inclusive para pessoas com poucas habilidades técnicas.
Primeiramente, devido a sua alta capacidade de reconhecimento de padrões, essa tecnologia substitui com facilidade trabalhos repetitivos de classificação, análises e algumas tomadas de decisões. Isso modifica a forma de trabalhar, uma vez que o operador/analista deixa de atuar em todo o processo repetitivo e direciona seus esforços para tratar exceções não compreendidas pela IA e em análises, ao mesmo tempo que aumenta significativamente a capacidade produtiva da empresa, que por sua vez aumenta sua competividade, reduz custos dos seus produtos e aumenta seu lucro.
Já para o uso de IA no auxílio em análises e criação de conteúdo, a tecnologia deve ser vista como uma ferramenta de apoio. Como apresentado em um artigo do MIT, muitas pessoas já fazem o uso de IA sem mesmo saberem, exemplos são os motores de busca desenvolvidos por empresas como Google e Microsoft e ferramentas que auxiliam em extração e análise de dados, gestão de relacionamento com clientes e projeção de dados, dentre outras. O uso dessa ferramenta no ambiente corporativo é poderoso, seja em atividades técnicas ou administrativas, elas podem, por exemplo, auxiliar em análises de dados e tendências que são fundamentais para as empresas.
A tendência é que haja uma migração de tarefas repetitivas, e que possam ser substituídas por IA, para tarefas de análises, tratativa de exceções ou utilização da IA como ferramenta de apoio. Um exemplo é o case do Bradesco, com o uso da IA BIA, de acordo com um artigo da IBM, a IA é treinada em 62 produtos e responde a 283.000 perguntas por mês com uma taxa de precisão de 95%, com apenas 5% necessitando de chamadas para assistência adicional. Em alguns casos, os tempos de resposta foram reduzidos de 10 minutos para apenas alguns segundos. Com isso, o atendimento humano trata exceções e já recebe informações relevantes da solicitação do cliente, aumentando sua satisfação e a produtividade do setor de SAC.
No caso das consultorias, que são especializadas em entender o comportamento do mercado, diagnosticar problemas e direcionar ações necessárias para seus clientes, a inteligência artificial pode ser utilizada para auxiliar na análise de dados do mercado, como estudos de segmentação, análises de tendências do mercado, comparações entre setores e empresas, automação para leitura e classificação de documentos e imagens. O uso da tecnologia traz velocidade e pode ajudar a encontrar pequenas variações que em uma análise manual passaria despercebida. Além disso, a IA é uma potente ferramenta para a consultoria que implementa projetos, pois é usada em soluções que requerem previsões de mercado, modelos de precificação, modelos operacionais, automações, entre outras.
Independente das preocupações com o impacto no trabalho das pessoas, segurança da informação e todas as demais (as quais são muito pertinentes), o fato é que a IA já faz parte da nossa rotina há anos e se intensificará em uma velocidade cada vez mais rápida, já que os retornos no aumento do resultado das empresas, segurança e produtividade são altos. Dessa forma, as empresas e trabalhadores precisam se ajustar para acompanhar essa tendência e entender os ganhos que a tecnologia pode proporcionar, esse não é apenas um compromisso do trabalhador, mas governos e empresas devem também auxiliar e possibilitar a capacitação dessas pessoas.
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