Conseguirá o varejo tradicional se recuperar logo?

O 2º trimestre escancarou o baixo desempenho que se espalhou pelo varejo, atingindo não somente o segmento de vestuário e moda, mas também o varejo de itens esportivos, eletrônicos e de alimentos.

 A Via (dona das Casas Bahia e do Ponto (ex-Pontofrio), no relatório dos resultados do 2º trimestre informou que fechará aproximadamente 100 lojas, como parte do conjunto de medidas que serão tomadas para buscar melhores resultados futuros.

O varejo têxtil caiu 8% neste primeiro semestre.

Lojas Renner S.A.MARISARiachuelo CENTAURO fecharam o segundo trimestre com vendas em queda, prejuízos maiores ou lucros menores, e sendo obrigadas a cortar preços para conseguir desovar seus estoques que estão elevados. Todas ainda perderam margens.

A crise não foi igual para todos. O varejo essencial, como supermercados e farmácias, por razões obvias, sofreu menos na pandemia. Quem já tinha se antecipado, conseguiu surfar na onda digital durante o lockdown.

O período pós-pandemia é que está sendo tortuoso para o varejo tradicional. A maioria contraiu dívidas durante a pandemia e agora, com as altas taxas de juros, estão vivendo uma queda do consumo, com baixas vendas e, consequentemente, passando dificuldades de caixa para girar e sustentar seus negócios. Apesar de seus canais digitais, o peso de suas estruturas físicas está pondo em risco a sustentação do todo.

Se olharmos empresas essencialmente online, focadas em sua logística e distribuição, estas estão progredindo a passos largos mesmo frente a tantas adversidades que o ambiente de mercado tem oferecido. O Mercado Livre Brasil, não à toa, aproveita o momento e já iniciou seus passos dentro do varejo de moda. Estamos testemunhando um momento de virada de chave do modelo de negócio do varejo tradicional.

Dados do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) mostra a SHEIN com 16,1% da receita total em 2022, em três anos de atuação no Brasil.

Quem mais cedeu mercado à Shein foram Marisa, Riachuelo e C&A Brasil , respectivamente. A perda entre 2019 e 2022 varia de 33% (C&A) a quase 50% da fatia (Marisa) que tinham antes da entrada da Asiática. A Shein já declarou que um de seus diferenciais é o online, de operar sem estoques e investir na sua capacidade de distribuição. Coincidência estar prosperando?

Isso me remete a um artigo que escrevi sobre a H&M que iniciará suas operações no Brasil em 2025, e já está negociando grandes espaços de lojas em shopping centers… Será essa a melhor estratégia para a H&M, sendo que o mercado indica o contrário: menos lojas (ou menores) e mais online? Fica a provocação…

Esperamos que as condições de mercado melhorem (taxas de juros, inflação, etc), mas está claro que se faz necessário uma releitura estratégica, e possível reestruturação operacional e organizacional dessas empresas de varejo para adequar seus negócios ao novo ambiente de mercado que estão enfrentando.

 Quem já estiver fazendo a lição de casa, terá a Black Friday neste ano para reduzir os atuais elevados níveis de estoque da maioria dessas redes. Uma boa estratégia de preços e de tráfego para seus canais online serão fundamentais! Será um bom termômetro de como o futuro poderá ser, e o que exigirá para se perpetuar.

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